Elena em Londrina – infância clandestina
7 de agosto de 2013

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“Quando a nossa mãe tá grávida de você, eles quase são mandados pra guerrilha do Araguaia. Quase todos os jovens que foram acabaram assassinados pelos militares. Foi você, na barriga da nossa mãe, que a salvou. Em vez de ir pro Araguaia, nossos pais acabam exilados em Londrina, […] vendo a família uma vez por ano.” – Petra Costa e Carolina Ziskind, extraído do roteiro de ELENA.

No cenário da ditadura militar no Brasil, os pais de Elena foram mandados para a cidade de Londrina, no Paraná, para organizar o movimento político de resistência. A família que ficou em Belo Horizonte não sabia onde estavam, para sua própria segurança. Elena chegou com 4 meses, em abril de 1970, e saiu com 4 anos, em 1974, quando foram para São Paulo.

Quando os avós perguntavam onde estava – sob o juramento de manter segredo, a menina respondia espontaneamente: “moro em Goiás, na casa grande com piscina”. Não deixava de ser verdade: a família morava na rua Goiás. Em um dia de calor o pai, Manoel, cavou um buraco no chão, cobriu com uma lona preta e ali estava a piscina de Elena.

Elena na Universidade Estadual de Londrina (UEL) durante a campanha eleitoral da chapa Poeira para o DCE-UEL – setembro, 1974. À esquerda ficava o teatro comandado por Roldão Oliveira Arruda. Ali, Elena decidiu ser atriz.

Apesar da clandestinidade, Elena aproveitou os tempos de Londrina com seus pais. Foi mascote do movimento estudantil Poeira: se sentia Mafalda, símbolo da chapa. E, no teatro Cesulon, decidiu ser atriz aos 4 anos, quando acompanhava atenta aos ensaios do Auto da Compadecida, peça dirigida pelo jovem Roldão Oliveira Arruda.

Elena (esquerda) no campo de trigo em Assaí, cidade vizinha, com as amigas Luzia e Célia

Agora, ELENA volta para Londrina. O filme será exibido de 9 a 15 de agosto às 20h30, com exibições extras no final de semana, às 16h. No Cine Com-Tour da Universidade Estadual de Londrina (UEL), ingressos a R$ 12 (inteira) e R$ 6 (meia). Av. Tiradentes, 1241. Fone: 3347-8639 (das 14h às 18h)

“Como será que esse tempo ficou na sua memória?”

> Leia a matéria da Folha de Londrina sobre ELENA

> ELENA e a memória poética, Carlos Eduardo Lourenço Jorge – Jornal de Londrina – 9/8/2013



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