PROMOÇÃO DA SAÚDE MENTAL
2 de agosto de 2013

O transtorno mental associado a tentativas prévias é considerado o maior fator de risco para o suicídio. Apesar desses transtornos serem um importante fator de risco, vale lembrar que o suicídio é multifatorial, de modo que nem todo suicídio relacionase a uma doença mental, e nem toda pessoa acometida por uma doença mental terá comportamentos suicidas.

Os transtornos mentais mais comumente associados ao suicídio são: depressão, transtorno do humor bipolar, dependência de álcool e de outras drogas psicoativas. Esquizofrenia e certas características de personalidade também são importantes fatores de risco. O vídeo acima nos mostra alguns fragmentos do filme em que Elena fala ou demonstra que algo não está bem, são momentos em que pode-se perceber aspectos de sua depressão. Segundo Carlos Estellita-Lins, há um consenso que a depressão é um ponto chave no suicídio. O transtorno mental é muito mais comum do que as pessoas imaginam e o preconceito atrelado a procurar ajuda, principalmente a de um psiquiatra, assim como fazer o uso de remédios controlados quando necessário, podem atrasar o diagnóstico e até piorar os sintomas, trazendo ainda mais sofrimento, tanto para a pessoa como para a família, levando em último caso ao suicídio, como aconteceu com Elena. Compreender o processo vivido por Elena pode servir de exemplo para identificarmos pessoas que possam estar em risco.

É importante pensar no suicídio como uma questão de saúde pública. No vídeo acima, Carlos Estellita-Lins nos alerta ao fato de que há certo despreparo dos profissionais de saúde em lidar com o suicídio.

No Brasil, a porta de entrada da população no sistema de saúde mental é feito por meio dos CAPS (Centro de Atenção Psicossocial). No Debate Folha, José Manoel Bertolote, psiquiatra, alerta para a carência de um sistema de atendimento de saúde mental no Brasil, segundo ele o fechamento de leitos psiquiátricos, dos manicômios, deveria ter significado um aumento do número de CAPS, CAPS AD e CAPS I, no entanto, o número de equipamentos ainda é insatisfatório para o atendimento da população. Ainda segundo Bertolote, experiências em outros países demonstram que essa porta de entrada no sistema de saúde mental deveria se dar nas Unidades Básicas de Saúde.

As equipes dos CAPS lidam constantemente com indivíduos em situação de crise, quando o risco de suicídio se encontra agudizado. Também por estarem em contato próximo e duradouro com os pacientes, seus familiares e sua comunidade, estão em posição privilegiada para perceber a rede de proteção social dos pacientes em risco de suicídio e a criação de estratégias de reforço dessa rede.

ELENA pode contribuir em uma conversa com profissionais de saúde sobre a identificação de pacientes em alto risco de comportamento suicída. Segundo o Manual de Prevenção do Suicídio para profissionais da saúde em atenção primária, elaborado pelo OMS, alguns fatores individuais e sociodemográficos, úteis clinicamente, estão associados com suicídio. Eles incluem:

− Transtornos psiquiátricos (geralmente depressão, alcoolismo e transtornos de personalidade);

− Doença física (doenças terminais, dolorosas ou debilitantes, AIDS). − Tentativas anteriores de suicídio;

− História familiar de suicídio, alcoolismo e/ou outros transtornos psiquiátricos. − Estado marital solteiro, viúvo ou separado;

− Viver sozinho (isolamento social);

− Desemprego ou aposentadoria;

− Luto na infância;

Se o paciente encontra-se sob tratamento psiquiátrico, o risco é maior naqueles que:

− Tiveram alta recentemente do hospital.

− Tem história de tentativas anteriores.

Além disso, fatores de vida estressores recentes que foram associados com um risco aumentado para suicídio incluem:

− Separação marital.

− Luto.

− Problemas familiares.

− Alterações no status ocupacional ou financeiro.

− Rejeicão de uma pessoa significativa.

− Vergonha e medo de ser culpado de algo.

Às vezes, o diagnóstico é difícil de ser feito, e leva tempo até as doses se ajustarem e os medicamentos começarem a fazer efeito. O mais importante é não deixar de dar atenção aos sinais de risco do comportamento suicida e oferecer e/ou encaminhar a pessoa a tratamento, se necessário.

No Debate Folha, Bertolote fala ainda que a assistência prestada a pessoas que tentaram o suicídio é uma estratégia fundamental na prevenção do suicídio, pois esse é o grupo de maior risco para o suicídio. A Organização Mundial da Saúde (OMS) realizou um ensaio terapêutico com pessoas que tentaram o suicídio em dez países (Brasil, China, Irã, índia, Sri-Lanka, Estônia, África do Sul, Vietnam, Suécia e Austrália). Nessa estratégia, indivíduos atendidos em prontos-socorros por tentativa de suicídio foram divididos aleatoriamente em dois grupos: um grupo recebeu “tratamento usual” (geralmente alta do pronto-socorro sem encaminhamento a serviço de saúde mental); e outro grupo recebeu uma “intervenção breve”, que incluiu entrevista motivacional e telefonemas periódicos. Ao final de 18 meses, a “intervenção breve” reduziu em dez vezes o número de suicídios, em relação ao grupo que recebeu o “tratamento usual”.

Acesse também:

Vamos falar sobre suicídio? E prevenção do suicídio em jovens

Para aqueles que ficaram – apoio aos sobreviventes

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