Um espelho para dentro e nós mesmo

Por Marcelo Rodrigues – blog Mais do Mesmo – 27/12/13

Acabo de assistir á “Elena” documentário de Petra Costa sobre sua irmã Elena Andrade e ainda estou em transe, me faltam palavras para definir o que acabei de assistir mas enquanto eu remonto o filme na minha cabeça eu vou ao menos tentar defini-lo.

Primeiro Petra você foi de uma coragem absurda ao remontar o seu passado, foi um exercício de superação extremo que eu não sei se eu seria capaz. Só pela sua coragem Petra você já merece elogios.

Mas “Elena” é mais. Enquanto filme “Elena” é um resgate e uma descoberta. Um resgate pra você enquanto Irmã e diretora e uma descoberta pra você enquanto Irmã e para nós espectadores.

A forma como você abre o seu baú de memórias no documentário convertendo-o á material fílmico é fascinante. Mais fascinante ainda é a maneira como você mantêm o espectador inerte a essa história (por essa inércia e por esse êxtase encontro dificuldades de “remontar” o filme na minha mente nessa hora em que escrevo as minhas impressões sobre o filme.

Petra você coloca o espectador em um “salto no escuro” do seu poderoso baú de memórias sobre Elena ou será sobre você mesma. Tem momentos em que a persona de uma se misturam e eu realmente acredito que contar a história de Elena você está contando sua própria historia de vida também.

Sobre o “Salto no escuro”, sua narrativa fílmica evolui de forma imperceptível desse modo, o espectador perde a noção do tempo e do espaço fílmico e quer saber? Pouco importa pois quando nós aceitamos embarcar nessa viagem de conhecimento sobre essa figura mítica que é Elena sabíamos que seria uma viagem indescritível só que eu não imaginava que iria mergulhar numa viagem dentro de mim mesmo.

“Elena” é um filme de sonhos e sobre a trajetória da sua protagonista Elena Andrade, uma jovem determinada cheia de sonhos. É também um filme sobre duas irmãs que se conectam pela força dos laços que as une através de uma viagem.

Sabe Petra, eu também tenho o sonho de me tornar ator. Ator e Cineasta assim como você. Estudei interpretação na infância e adolescência e entrei na faculdade de Cinema para melhorar as minhas críticas e atuar nas produções da faculdade. Acabei me apaixonando pela arte cinematográfica como um todo. Mas como Elena eu estou sempre em busca de MAIS e com a mesma determinação que a da sua querida irmã eu tenho certeza que vou conseguir.

Assim como você Petra também uma viagem que me conectou novamente a minha irmã Roberta que eu amo de paixão por tudo mas principalmente pela garra dela assim como eu tenho certeza que você amava sua querida irmã Elena também pela determinação dela.

Desculpe ficar falando de mim na crítica do seu filme Petra, mas acontece que “Elena” me proporcionou uma experiência como um espelho pra dentro de mim mesmo. É isso, essa é a definição para o seu filme: “Elena” é um espelho pra dentro da sua história e pra dentro de nós mesmos.

Eu só tenho a agradecer Petra pelo seu filme belíssimo, pela transformação que ele me provocou , pela sua generosidade em partilhar sua história conosco. Seu filme foi á faísca de coragem que me faltava para também contar a minha história.

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