Elena e o inverno da memória

Por Fernanda Rezende, em Inverno Cultural – 20/07/2015

Divulgação-elena

O 28º Inverno Cultural UFSJ exibirá, nos dias 20, 21, 22 e 23 de julho, o documentário Elena, de Petra Costa, produzido pela Busca Vida Filmes. O longa foi premiado em diversos festivais nacionais e internacionais, incluindo o de Guadalajara e o de Brasília, e chega a São João del-Rei em sessão permanente, de segunda à quinta, sempre às 18h, no auditório da Biblioteca do Campus Santo Antônio.

A história é baseada na autobiografia da atriz Elena Andrade, irmã mais velha de Petra, que se mudou para Nova York em busca da realização do sonho de se tornar atriz de cinema. Para a diretora, o filme nasceu de sua vontade de assimilar a ausência de Elena e, assim, sobreviver ao esquecimento, ou ao inverno da memória. Petra aprende a dançar com a irmã, num mergulho nas lembranças antes compartilhadas. “Passei meses escrevendo e reavivando tudo o que me trouxesse Elena de volta. Por meio de imagens e sons, percorri um túnel do tempo privilegiado”, conta Petra.

O estudante do curso de Comunicação Social da UFSJ, Marlon de Paula, que já assistiu ao filme, elogiou a maneira sensível com que diretora montou o longa: “Petra consegue fundir as imagens do passado e as filmagens caseiras da irmã com o tempo presente, o que faz aflorar percepções pessoais diante da obra.” Para Marlon, as sessões de Elena serão oportunidade para ver bom cinema. “O roteiro, a qualidade técnica e narrativa são surpreendentes”, analisa.

Amor e Perda

Deixando para trás uma infância marcada pela ditadura militar e uma adolescência entre peças de teatro e filmes caseiros, Elena viaja para Nova York em busca do mesmo sonho de sua mãe: ser atriz de cinema.

Vinte anos após a saída da irmã, Petra se torna atriz e cineasta, e parte à procura de Elena. Decidida a filmar sua ausência, Petra encontra traços da irmã em lembranças dispersas que viveram juntas, depoimentos registrados em fitas cassete e imagens capturadas por uma câmera amadora.

Além de roteirizar e dirigir o filme, Petra também entra em cena como personagem, catalisando a dor e a superação familiar pela ausência de Elena, tendo como pano de fundo um país que também se perdia na violência da ditadura militar. O cineasta norte-americano Tim Robbins disse do filme: “Elena é uma linda obra de arte. Um filme sofisticado, poético, visualmente estonteante e visceralmente tocante.”

Questionada sobre a exposição de drama tão pessoal, Petra Costa afirmou que todo artista se expõe muito em sua obra, seja ela biográfica ou não. No seu caso, simplesmente precisava realizar esse filme. “Eu gostaria muito de poder mostrar para os jovens essa transição para a vida adulta, que às vezes é dolorosa. E gostaria que mulheres, filhas, mães, irmãs, atores, psicólogos, o máximo possível de pessoas o vissem”, destaca.

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