ELENA: documentário que mexe com seu juízo e surpreende

Por Alex – Blog Quer Pipoca? ‎- 23 de maio de 2014

Foi no repente que resolvi assistir este documentário. A convite de um amigo, e com a possibilidade de ser aquela a última sessão do filme em cartaz na cidade, fui conferir. Meu crescente interesse por documentários (recentemente potencializado pela maratona que fiz com alguns dos indicados ao Oscar deste ano, e com crítica aqui no Quer Pipoca?) só deu mais gás à experiência toda com este longa brasileiro. E que experiência.

Dolorido como só o ato de ‘dar adeus’ aqueles que se vão, este filme consegue, de forma inesperada e criativa, contar o relato de uma jovem (Petra, diretora do filme) sobre a ida da irmã mais velha para Nova York, onde foi estudar teatro. Já no início, ela cita uma das frases de sua mãe, que comenta que elas podem ir a qualquer cidade, menos Nova York, e ter qualquer profissão, menos ser atriz.

Assim, a diretora faz uso de lembranças de sua memória, vídeos caseiros, dramatizações, entrevistas reais, fotos e música para, aos poucos, ir revelando mais sobre a vida da irmã, e tentar, camada por camada, entender quem ela foi, para si mesma e para o mundo. Sair desse documentário sem a cabeça rodando é difícil, tamanha a carga emocional mostrada em cada cena, por vezes, nos colocando no ponto de vista da irmã mais nova, relembrando, em loopings constantes da mais velha dançando, da própria história, da saudade e lidando, por vezes superando, o luto.

Inesperado pensar que entrei para ver um documentário, preparado para quaisquer formato já esperado: entrevista, voice overs, câmera na mão, acompanhamento silencioso em terceira pessoa, ou qualquer sistema de se contar uma história real. O que Petra consegue é subverter esses modelos, mesclar suas formas, aproximar-se de outras linhas narrativas, como a do incrível ‘Man on Wire’ (2008), alcançando um diferente patamar de longa metragem, em que sabe-se que o que está na tela são fatos reais, mas transportados para o filme como um sonho/lembrança difícil de apagar.

Desafie-se, querido pipoqueiro, à esta experiência inesquecível. Ela pode ser capaz de resgatar, assim como a diretora do filme, algumas memórias que estão guardadas em algum lugar aí dentro, que só quando emergem, conseguem, de fato, voar para longe.

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