Narração suave, porém impactante

Por: Daniel Candido – blog Armazém das Ideias – 27/5/2013

 

Assistir a documentários nem sempre é uma tarefa fácil. O gênero é – digamos – livre, o que deixa o espectador muito a mercê das intenções do cineasta e repleto de sentimentos desconexos. E foi com essa sensação que saí da sala onde eu assisti ao filme Elena, da cineasta e atriz Petra Costa (Olhos de ressaca).

Petra revive a história da irmã, Elena, que viaja para Nova York com o sonho de ser atriz de cinema, deixando para trás a infância passada na clandestinidade nos anos de ditadura militar e os êxitos no grupo de teatro paulistano Boi Voador. Ao seguir os passos da irmã, vinte anos após, as vidas de Petra e Elena se cruzam novamente pelas ruas da maior cidade dos Estados Unidos e as mesmas percepções sobre o mesmo sonho: o cinema.

Embargado em uma narração suave, porém impactante, na voz de Petra, o filme mescla imagens de arquivo pessoal, com fotos, pouquíssimos depoimentos e conduz o espectador a, de fato, confundir as histórias, os traços entre Petra e Elena se misturam e, ao espectador, só cabe sentir na pele o drama da mãe delas.

Os prêmios conquistados refletem a latência de sentimento e emoção contidos em 82 minutos. Elena ganhou os prêmios de melhor direção, montagem, direção de arte e filme pelo júri popular no 45º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro; melhor documentário no festival francês Films de Femmes 2013; e recebeu duas menções especiais nos festivais de Cinema de Guadalajara e ZagrebDox.

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