Sinto que ELENA é parte de nós

Blog Mais Um – 31/5/2013

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Demorei pra ver Elena. Mas logo que vi, me apropriei de cada detalhe do filme. A busca por Elena faz parte de nós. Se ela é assim, como justifica Petra à amiga ao ver a irmã deitada em sua cama, toda a humanidade também é. Na sessão do cinema, cada um reconhece sua própria dor no quarto enclausurado, escuro, com uma fumaça de incerteza que ronda nossas mentes na busca incessante pela felicidade.

Enquanto alguns não se interessam em dançar com a lua, os que desejam se aprofundar na noite são obrigados a lidar com a inevitável solidão. Elena tentou. Fez nascer estrela na escuridão, marcou a vida de muitos, transferiu seu amor pela arte para uma outra geração. Não diria que ela fracassou, mas quem sou eu pra opinar, já que nunca a conheci pessoalmente. Brilhou o quanto pôde, se perdeu inúmeras vezes, enlouqueceu, o que é sinal de sanidade em uma sociedade cada vez mais superficial.

A arte que poderia curar a levou para outra dimensão. Enquanto isso, Elena deixou sua irmã encenando a morte das duas, transformando sua dor em um filme extremamente sensível, delicado e triste. Sim, triste, assim como a humanidade. Pareceu tudo calculado. A atriz já tinha previsto tudo antes de partir, afinal, ela tinha o dom de interpretar. Perfeccionista, nunca iria embora sem planejar o ato final do espetáculo. Ensaiou bastante cada ação. No fim, buscou a lua. Como sempre prevenida, deixou uma estrela que, mesmo no escuro da mágoa, transformou toda nostalgia em uma sublime obra de arte

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