Mais que uma Elena

por: Rebecca – Medium – 1/7/2013

Antes de ver esse filme, antes mesmo de um trailer, eu peço que abra seu coração. Sim, como um ritual ou um gesto que não encaixe em seu cotidiano. É preciso que esteja sensível como quando alguém o cobria na cama.

Eu não quero mesmo avaliar a produção técnica. Eu poderia gritar para todos que eu preciso de um plano aberto ou uma captação de áudio direta porque essa voz off me cansa. Mas basta a primeira frase dita lá no fundo d’alma que a gente esquece de ser gente grande para ter a curiosidade débil de uma criança. Até parece que eu peguei o diário de alguém e comecei a ler comigo escondida.

Apesar dos 3 min de praxe de ‘olá, vivemos a ditadura’, a história esquece das crises sociais e vem para falar dela mesma. O que não é tão comum em filmes que atingem o holofote popular aqui no Brasil.

Senti uma estranheza e pensei que aquele era um cinema nacional diferente. Um cinema que lê livros, mas ama internet. Um cinema que viu muita película, mas grava tudo em uma HDSLR. Um cinema que aprendeu a amar e amar música clássica.

O longa vai girando grandão na tela brilhante e você começa a sentir que você é pequeno. Pequeno para todo aquele segredo. Pequeno para sentir o que e ela, a diretora do filme quer passar. Aí depois de 30 min você desprende-se de críticas e deixa aquele todo fazer de você gato e sapato. Porque é real, porque foi você quem escolheu assistir a intimidade dela. É o tal de sofrer sem pedir e sofrer porque é preciso.

Não pensem que antes de ‘Elena’ eu não gostava de cinema nacional. Nããão. É que eu aos meus 21 aninhos, tendo visto muito pouco de cinema, já desejava ver um filme assim verde e amarelo como forma de vídeo arte-belíssima-delicada-nova-brilhante.
Quando o filme acabou, parecia que alguém tinha me soltado. Era um alívio grande. Eu não preciso mais ler os segredos no diário dela – eu disse – Agora eu vou contar para o mundo porque eles precisam saber disso.

E cá estou.

– With a handshake.

Rebecca.

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