ELENA no Cine Eldorado em Diadema

por: Fábio Jota em Ponto de Virada18/6/2013

A premiada diretora Petra Costa traz ao Cine Eldorado em Diadema, seu primeiro longa-metragem Elena  que desde maio desse ano está sendo exibido em várias salas de cinema pelo país.
Elena é a segunda produção da diretora, ela  possui ainda em sua cinematografia, o curta-metragem Olhos de Ressacafilme que antecipa  a relação da jovem  com a memória familiar,  inserindo a cineasta nos circuitos e festivais de cinema pelo mundo. No seu primeiro curta-metragem, a presença de um tom memorialista e onírico anunciam o que posteriormente será mais elaborado em Elena, filme que acentua um olhar pessoal e  busca recompor a trajetória da irmã de Petra Costa.

Petra Costa antes de seu percurso pelo cinema, passou pelas artes cênicas da mesma forma que sua irmã Elena Costa, atriz e bailarina durante os anos 90, um dos períodos mais nauseantes da cultura e audiovisual brasileiro. A aproximação de outras linguagens como as artes visuais e cênicas se refletem na estética da diretora, principalmente no seu primeiro longa, produzindo com elementos afins das outras artes ,  uma espécie de filme experimental que trânsita entre o documental e fictício, o real e o sonho, a representação e o imaginário,  a encenação e a plasticidade visual.

O filme em suas imagens – sonhos, imagens – arquivos, cria uma poética visual em busca da identidade, do feminino e a superação dos processos da perda de Elena, uma decifração em aberto na narrativa. Elena, Petra e sua mãe são  três mulheres apresentadas de modo universal que se constrõem dentro da obra por um percurso bem maior do que o relato documental, atravessando as fronteiras do tempo, do espaço e a escrita do corpo que inicia com surgir dos primeiros flashes do filme.
A diretora traz ao espectador um mergulho em suas memórias de modo subjetivo, fundidas no tempo com as histórias da irmã e a mãe, um cordal umbilical na vida e na arte. A narrativa é guiada pela voz em off da diretora, uma narradora –personagem que segue uma viagem atravessando o passado e o presente, num movimento de transformação do individual e coletivo, em fluxos de imagens e vozes misturadas que rassuram em alguns momentos a distinção entre essas três mulheres.

Articulado à contemporaneidade e seus preceitos estéticos, Elena percorre pelos alicerces da linguagem audiovisual, porém não faz deles seu único recurso de composição e criação. Como poucos cineastas da história do cinema brasileiro, a diretora apresenta  uma criação e escrita na imagem, no corpo e narrativa, ousada para os parâmetros da convencionalidade audiovisual, propondo ao espectador uma imersão numa poética permeada pela possibilidade entre os sistemas audiovisuais e outras formas de encenação, deslocando -se das possíveis classificações comuns à narrativa cinematográfica.

Na última Mostra Internacional de São Paulo, o filme já estava com sua audiência em alta, disputado pelo público, ansioso e ávido  para conferir o olhar da diretora. Desde sua estréia, o filme destaca um bom número de público, fato curioso porque a obra passa longe dos produtos televisivos vinculados nas salas de cinema e as tendências comerciais que agrupam milhões de pessoas dentro das grandes redes do entretenimento. Elena está atingindo uma notória repercusão de público e crítica, efeitos legitimos decorrentes da boa difusão e maturidade denotadas no filme.

El-dora-Do-convite

A exibição do filme Elena em Diadema está sendo organizada pelo MAD – Movimento Audiovisual de Diadema e o Cine Eldorado em parceria com a produtora Busca Filmes e o Ponto de Cultura Comunidade Audiovisual. Após a exibição, o público terá a presença da diretora para um bate – papo sobre o filme e sua trajetória. O bate – papo será mediado pelo realizador e pesquisador audiovisual Fábio Jota, membro do MAD, grupo  independente que produz eventos e ações ligadas ao Audiovisual em Diadema.

Mad

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