ELENA, meu filme favorito do ano

Blog – Quem tem medo de Virgínia Wolf – 28 de dezembro de 2013

Meu filme nacional favorito do ano não é O Som ao Redor, não é São Silvestre, não é Minha Mãe É uma Peça. É ELENA Os atores convidados, no vídeo promocional, provocam: “Você não ia querer conhecer a Elena. Ia?” Ia, sim, pois a Elena é uma daquelas pessoas que é simplesmente interessante. É uma daquelas pessoas dotada de bruta sensibilidade, coisa que, não vamos tapar o sol com a peneira, via de regra acaba lhes causando mais mal que bem. E então, o doloroso exercício de Petra Costa, de resgatar as pegadas da irmã que foi tentar a vida como artista em Nova York. Acho que o mais interessante a respeito do documentário é o modo como Petra vai construindo a narrativa. Tudo é envolvido numa névoa, numa atmosfera de mistério, desde a vida em família, a infância das duas irmãs. Porque a vida é um pouco isso. Essa incerteza, essa falta de saber o que será, até certo ponto, antes da instalação de todo o fatalismo. A infância é assim. Depois, as deambulações nova iorquinas, as agruras de Elena, os encontros com o passado. Mas não havia predestinação aí. No princípio, eram apenas duas menininhas que brincavam de cantar e dançar, e se apresentar, e fazer de conta que são artistas, como, às vezes, até os adultos fazem. Depois, veio a vida.

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